Ocupação Contestado faz ato na prefeitura de São José e marca reunião com prefeita

Por Camila Rodrigues da Silva

Neste 7 de março, o povo sem teto da Ocupação Contestado demonstrou toda sua determinação e comemorou seu aniversário de quatro meses de luta e resistência na rua. Mais de 150 moradores e apoiadores realizaram um ato na prefeitura municipal de São José.
O motivo da manifestação foi a cobrança de uma reunião com a atual prefeita da cidade, Adeliana dal Pont. Ela prometeu, no último dia 20/02, marcar uma conversa com representantes da comunidade no período de duas semanas –prazo que se encerrou ontem.A reunião ficou marcada para o dia 13/03, próxima quarta-feira.Enrolação de dois meses

Moradores da Ocupação entram na prefeitura. Foto: Diogo G. Andrade
É bom lembrar que essa promessa veio um mês e meio depois de a coordenação da Ocupação Contestado protocolar um pedido de reunião, feito em 08/01. O documento foi sumariamente ignorado.Diante da promessa, membros da coordenação procuraram secretários da prefeitura durante os últimos 15 dias para saber a data desse encontro. As respostas foram desculpas, incertezas e adiamentos, ou seja, tudo apontava para mais uma promessa descumprida. E disso o povo está cansado.Por isso, o Contestado decidiu ir às ruas!Secretário quis restringir a entrada do povo no prédio público 

Secretário de comunicação, Guarany Pacheco (ao centro), conversa com os moradores. Foto: Diogo G. Andrade

O secretário de comunicação da prefeitura, Guarany Pacheco, tentou restringir a entrada dos moradores e apoiadores, com o argumento de que a manifestação atrapalharia o trabalho dos gabinetes. Após conversa com a coordenação, permitiu a entrada de todos desde que fizessem silêncio.

A manifestação foi pacífica e organizada. Após alguns minutos dentro da prefeitura, Adeliana aceitou receber quatro integrantes da coordenação da ocupação e a advogada, Daniela Félix. A conversa durou cerca de 20 minutos e ficou acordado que a reunião acontecerá no dia 13/03.

Ao sair, todos os participantes do ato tiveram uma surpresa ao olhar pelas janelas envidraçadas da prefeitura: pelo menos cinco viaturas da Polícia Militar, que não estavam no começo do ato, foram chamadas para “reforço da segurança”. Fica claro que a atual prefeita e seus secretários também encaram o movimento popular como “caso de policia”.

Viaturas da Polícia Militar chegaram para reforçar a segurança contra cidadãos. Foto: Diogo G. Andrade


Para que a reunião?

Há dois problemas que podem ser evitados a partir de uma conversa com a prefeita. O primeiro deles parte do fato de que a prefeitura de São José avalia a Ocupação Contestado como um problema herdado da gestão anterior, comandada por Djalma Berger (ver aqui a história do crime eleitoral que culminou na ocupação).

Diante disso, Adeliana se mostrou disposta a resolver a situação –mas não explicitou de que forma. Assim, um dos objetivos da reunião com as famílias é permitir que elas estejam inseridas, de forma ativa e protagonista, nas negociações que envolvem seus próprios futuros. O que se quer evitar é que a solução para esse problema seja encontrada e desenvolvida ignorando a participação e a organização popular, aplicando medidas “de cima para baixo”.

O segundo problema é que a ação que foi aberta pela Imobiliária Suvec no final do ano passado segue em processo e o perigo de despejo continua iminente. Por isso, é urgente criar mecanismos institucionais que protejam a comunidade de tal risco.

A prefeita sabe disso. Será que ela estava esperando acontecer o despejo para negociar?